Artigo: – Salvou a vida de um rapazinho | a-ha vivo

Morten Harket (49) acaba de regressar do maior campo de refugiados do mundo.
Onde provavelmente salvou a vida de um rapazinho.

– Como pai, posso sentir todos os alarmes a soar no meu corpo quando estou a testemunhar tantas crianças necessitadas. É desesperante sentir-me tão desamparado, que me apetece levar todas as crianças comigo para casa, diz Morten Harket, que se tornou pai pela quinta vez em Setembro.

Convívio com o Conselho Norueguês de Refugiados, que visitou os campos de refugiados de Dadaab no Quénia. Onde 250.000 pessoas vivem em três campos gigantescos.

Pobreza de perto
Dagbladet encontra-se com Morten Harket e a actriz Line Verndal nos escritórios do Conselho Norueguês para os Refugiados em Oslo. Ambos participarão na gala artística da TV2, que no dia 13 de Dezembro angariará fundos para as crianças refugiadas. Ambos visitaram zonas de catástrofe para ver de perto as condições.

Verndal esteve na Geórgia para visitar alguns dos milhares de refugiados da Ossétia do Sul, Harket esteve em Dadaab, no Quénia, onde 97% dos refugiados são somalis, e mais de metade deles vivem lá desde os anos 90, quando a guerra na Somália começou.

– Obrigação estatutária
– É fácil dizer sim a trabalhar desta forma. Afinal, pode-se dizer que temos a obrigação estatutária de ajudar as pessoas necessitadas, e depois não sou capaz de dizer não. Estamos a falar de ajudar as pessoas que perderam tudo o que tinham. Elas não têm nada, diz Morten Harket.

– Tanto ele como a actriz Line Verndal são pais de crianças pequenas e dizem que conhecer as crianças lhes causou uma grande impressão.

– Visitamos uma cabana onde um rapazinho, com cerca de dois anos de idade, estava de pé no chão a chorar. Ele tinha algum crescimento branco, quase bolorento, nas pernas. Acabaram por ser lesões por queimaduras que ele tinha apanhado quando correu em direcção a uma panela de comida. Na sua ânsia de satisfazer a sua fome, ficou coberto pela água a ferver na panela. Ninguém tinha tratado as suas feridas. Era impossível para mim sair sem o ajudar. Consegui contactar um médico que estava a viajar connosco. Através de meios e medicamentos simples, ele foi capaz de proporcionar ao rapaz o tratamento necessário. Isso provavelmente salvou-lhe a vida.

Entretanto, fora da tenda, uma longa fila de pessoas que também precisavam de cuidados médicos começou a formar-se.

– Devia haver 350 pessoas na fila. Fiquei impressionado com um sentimento avassalador de impotência. É horrível não poder ajudar toda a gente, quando se vê o quão pouco é necessário, diz Harket.

Utilizando o estatuto de celebridade
Ele já fez muito trabalho de caridade antes, mas é a primeira vez que trabalha para o Conselho Norueguês para os Refugiados.

– Tanto ele como a Line Verndal sentem que é um privilégio poder usar o seu estatuto de celebridade para algo que realmente importa.

– Aqueles que dizem que é problemático envolver celebridades para fazer as pessoas doarem dinheiro para as crianças refugiadas, deveriam pensar novamente mais uma vez. É mais difícil defender não participar nisto, diz Morten Harket.

– Ser uma celebridade não tem absolutamente nenhuma importância. Temos de usar a energia que nos é dada, e depois não há nada melhor do que ser capaz de chegar aos outros, dizem Harket e Verndal.

Ameaça de rapto
No campo e nas áreas circundantes onde Morten Harket ficou, havia um perigo constante de rapto. É por isso que precisava de ser protegido por guarda-costas 24/7.

– Ninguém tem de saber de antemão que está a vir. O facto de eu ser branco põe automaticamente um preço na minha cabeça, e coloca-me em perigo de ser raptado, diz Harket.

Um dos guarda-costas de Harket no Quénia experimentou a morte de um amigo. Isso foi no dia anterior à chegada de Harket.

– É evidente que esses perigos me impediram de me movimentar livremente e de fazer tudo o que eu queria fazer. Mas estou habituado aos guarda-costas e basta adaptar-me à situação, diz ele.

– Um produtor de filmes que foi documentar a viagem quis trazer Harket com ele para a Etiópia.

– Eu queria mesmo ir. Mas por vezes é preciso perceber que simplesmente não é possível. É extremamente perigoso ir até lá, diz Harket.

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