Vírus da Influenza Tipo A (excluindo a estirpe 1918 influenza A (H1N1) e subtipos H5, H7 e H9)
FOLHA DE DADOS DE SEGURANÇA – SUBSTÂNCIAS INFECTIÓRIAS
p>SECÇÃO I – AGENTE INFECTIÓRIO
NOME: Vírus da gripe tipo A (excluindo a estirpe A (H1N1) e subtipos H5, H7 e H9 da gripe de 1918).
SYNONYM OU CROSS REFERENCE: Orthomyxovirus , grippe, e gripe(1).
CHARACTERISTICS: Membros da família Orthomyxoviridae de vírus RNA segmentados, de sentido negativo, de cadeia única(1,2). Os vírus da gripe de tipo A são subdivididos com base na natureza antigénica das suas glicoproteínas de superfície ligadas à membrana, hemaglutinina (HA) e neuraminidase (NA). Até à data, foram detectados 16 subtipos HA, e 9 subtipos NA em aves selvagens e aves de capoeira, dos quais os subtipos H1N1 e H3N2 circulam actualmente entre humanos em surtos sazonais de gripe(3,4,5,6,7). As alterações antigénicas ocorrem frequentemente nos sítios antigénicos HA e NA da gripe e são o mecanismo de adaptação do vírus ao hospedeiro e de sobrevivência. Pequenas alterações são referidas como desvio antigénico, enquanto que alterações maiores causadas pela reordenação são referidas como desvio antigénico. As pandemias de gripe podem ocorrer como resultado de deslocações antigénicas se a mutação do vírus levar a uma transmissão eficiente de humano para humano(2,8). Apenas três subtipos de hemaglutinina (H1, H2, H3) e dois subtipos de neuraminidase (N1 e N2) estabeleceram linhagens estáveis na população humana desde 1918(9).
SECÇÃO II – IDENTIFICAÇÃO DO PERIGO
p>PATOGENICIDADE/TOXICIDADE: Uma doença viral aguda do tracto respiratório superior caracterizada por febre (temperatura 37,8ºC ou superior), dores de cabeça, mialgia, mal-estar, dor de garganta, tosse não produtiva, espirros e descarga nasal(10). Entre as crianças, são comummente relatadas otites médias, náuseas e vómitos(11). As complicações pulmonares da gripe incluem pneumonia (viral e bacteriana), croupa, asma e bronquite. A miocardite e a pericardite são complicações cardíacas ocasionais. A mortalidade devida à gripe é geralmente baixa, excepto naqueles com doenças pulmonares ou cardíacas crónicas(1). A pneumonia bacteriana secundária após a gripe é uma das principais causas de mortalidade a nível mundial(12).
EPIDEMIOLOGIA: A gripe causou aproximadamente 36.000 mortes por ano nos Estados Unidos entre 1990 e 1999, e aproximadamente 226.000 hospitalizações entre 1979 e 2001(13,14).
Influenza pode ocorrer em pandemias e epidemias, surtos localizados, e como casos esporádicos(1). Em climas temperados, as epidemias de gripe ocorrem tipicamente durante o fim do Outono e o Inverno(2,11), enquanto que em regiões tropicais e subtropicais as epidemias de gripe ocorrem ao longo de todo o ano(11). As evidências históricas sugerem que pandemias mais graves a nível mundial ocorreram a intervalos de 10 a 40 anos desde o século XVI(2).
Uma pandemia que ocorreu em 1957-1958 (gripe asiática) foi causada pelo vírus da gripe do subtipo A H2N2, que resultou da reordenação dos vírus humanos H1N1 e H2N2 aviários em circulação(15), e estima-se que tenha causado 70.000 mortes nos Estados Unidos(16).
Outra pandemia de gripe que ocorreu em 1968-1969 (gripe de Hong Kong), foi causada por uma estirpe de gripe H3N2 que resultou de uma reordenação entre os vírus humanos H2N2 e H3(15) aviários em circulação e estima-se que tenha causado 34.000 mortes nos Estados Unidos(16). Em conjunto, as pandemias de gripe asiática e de Hong Kong resultaram em 1 a 2 milhões de mortes em todo o mundo(17).
Desde a pandemia de gripe de Hong Kong (H3N2), o número de hospitalizações associadas à gripe tem sido tipicamente maior durante as epidemias de gripe sazonais causadas pelos vírus da gripe A/H3N2 do que durante as estações em que outros subtipos de vírus da gripe A têm predominado(18).
Durante o Verão de 2002, uma epidemia de doença respiratória com 22.646 casos e uma mortalidade de 3% de casos afectou Madagáscar e foi atribuída a uma estirpe de H3N2(9).
A pandemia de H1N1 2009 resultou em taxas de infecção que variam entre 11% (Nova Zelândia) e 21% (Pittsburgh, EUA) da população, dependendo da localização(19,20) . A partir de 13 de Março de 2010, os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA estimam que nos Estados Unidos 60 milhões de pessoas foram infectadas com o H1N1 2009, resultando em 270.000 hospitalizações e 12.270 mortes(21) . A taxa global de mortalidade foi inferior a 0,5%, e a morbilidade e mortalidade foram predominantes nos adultos jovens e menos comuns nos adultos com mais de 60 anos de idade(22,23,24).
Influenza A subtipos H1N1 e H3N2 ainda circulam actualmente na população humana(25) e estão incluídos nas vacinas actuais(11).
HOST RANGE: Humanos, suínos, equídeos, espécies de aves domésticas e selvagens (predominantemente patos), gansos, e aves costeiras(1,2).
DOSE INFECCIOSA: Desconhecida para subtipos específicos da gripe A. A dose infecciosa para a variante da gripe A, Influenza A2, é superior a 790 organismos através da via nasofaríngea(26). O Influenza A (subtipo não especificado) é mais infeccioso por inalação por aerossol (50% dose infecciosa humana (HID50) = 0,6 – 3,0 doses infecciosas médias de cultura de tecidos (TCID50)) do que por inoculação por gota intranasal (HID50 = 127 – 320 TCID50)(27).
MODE DE TRANSMISSÃO: A transmissão da gripe nos seres humanos pode ocorrer através de infecção respiratória por aerossóis e gotículas (por tosse e espirros) ou por transmissão por contacto a partir de superfícies contaminadas(1,9,28). O ambiente fechado e as multidões favorecem a transmissão(1). A transmissão do vírus da gripe a partir de dadores que estão a libertar grandes quantidades de vírus pode ser infecciosa durante 2 a 8 horas através de superfícies de aço inoxidável e durante alguns minutos através de lenços de papel(9,28,29).
PERÍODO DE INCUBAÇÃO: curto, geralmente 1 a 3 dias(1,16,28).
COMUNICABILIDADE: Altamente comunicável. As pessoas infectadas podem libertar quantidades detectáveis de vírus da gripe no dia anterior ao início dos sintomas(18,30). Os adultos libertam geralmente o vírus durante 3 a 5 dias, e até 7 dias em crianças pequenas(18,28,30).
SECÇÃO III – DISSEMINAÇÃO
RESERVOIR: Os seres humanos são o principal reservatório do vírus da gripe A humana. O reservatório aviário dos vírus da gripe A é constituído por aves selvagens, predominantemente patos, gansos, e aves costeiras. Os reservatórios de animais são suspeitos como fontes de novos subtipos humanos. Os vírus da gripe A são também frequentemente isolados em porcos e cavalos(31). Foi demonstrado que os suínos têm receptores tanto para os vírus da gripe humana como aviária e, como tal, são considerados potenciais recipientes de mistura de vírus humanos e aviários(31,32). Isto pode resultar numa reordenação que pode ser infecciosa para o homem com características antigénicas para as quais a população humana é imunologicamente ingénua(31).
ZOONOSE: A transmissão de suínos para o homem foi demonstrada(33). Existem casos documentados de infecções humanas com vírus da gripe suína, e a infecção zoonótica pode ocorrer frequentemente nas pessoas envolvidas directa ou indirectamente na suinicultura; no entanto, a doença é leve e a transmissão de pessoa para pessoa é muito limitada(33). No caso da gripe H1N1 pandémica, a transmissão de pessoa a pessoa medida pelo número básico de reprodução (R0) foi quase a mesma (R0 = 1,4 a 1,6) que a gripe sazonal (R0 = 0,9 a 2,1), e a doença pode variar de suave a aguda(34,35).
VECTORES: Nenhuma.
SECÇÃO IV – ESTABILIDADE E VIABILIDADE
SUSCEPTIBILIDADE DE DRUG: Os vírus da gripe sazonal são sensíveis aos inibidores da neuraminidase oseltamivir (Tamiflu), e zanamivir (Relenza), e à amantadina, e à rimantadina, que inibem a actividade proteica do canal iónico M2 e bloqueiam o não revestimento viral(36). O vírus H1N1 2009 é susceptível aos inibidores da neuraminidase, incluindo oseltamivir (Tamiflu) e zanamivir (Relenza), mas geralmente resistente à amantadina e à rimantadina(35,37,38,39). Foram documentados casos esporádicos de vírus H1N1 2009 resistentes ao oseltamivir(22,35). Oseltamivir é licenciado no Canadá para tratamento e profilaxia pós-exposição, zanamivir apenas para tratamento, e amantadina apenas para profilaxia(40). Rimantadine não está actualmente licenciado para utilização no Canadá(40).
RESISTÊNCIA ADRUG: Um aumento significativo na resistência ao oseltamivur, adamantanas (amantadina, e rimantadina) tem sido observado recentemente(41).
SUSCEPTIBILIDADE A DISINFECTANTES: A gripe A é susceptível a desinfectantes, incluindo hipoclorito de sódio (diluição 1:10 de lixívia feita recentemente), 60 a 95% de etanol, 2% de glutaraldeído alcalino, 5 a 8% de formalina, e 5% de fenol(42).
InACTIVAÇÃO FÍSICA: Susceptível de humidade a 121ºC durante 20 minutos ou calor seco a 170ºC durante 1 hora, 160ºC durante 2 horas, ou 121ºC durante pelo menos 16 horas(42).
SURVIVAL Fora da sede: O vírus da gripe A pode sobreviver durante 24 a 48 horas em superfícies duras e não porosas como aço inoxidável e plástico e durante aproximadamente 8 a 12 horas em tecidos, papel e lenços de papel(29).
SECÇÃO V – PRIMEIRO AUXÍLIO / MEDICAMENTO
p>SURVEILLANCE: Monitor para sintomas de gripe(1,9). Confirmar diagnóstico com RT-PCR (favorecido) ou teste de ponto de tratamento e dar tratamento antiviral apropriado(43). A confirmação laboratorial do vírus não é realizada por rotina, ocorrendo apenas durante uma epidemia e consiste na inoculação de culturas celulares com esfregaços ou lavagens retiradas do nariz durante os primeiros dias da doença(1).
Nota: Todos os métodos de diagnóstico não estão necessariamente disponíveis em todos os países.
PRIMEIRO AUXÍLIO/TRATAMENTO: Fluidos e repouso. Agentes antivirais (principalmente oseltamivir) podem ser utilizados para tratar a gripe A(11,12,16). O tratamento antibiótico (em combinação com tratamento antiviral) também pode ser usado para prevenir ou tratar pneumonia bacteriana secundária(12).
IMUNIZAÇÃO: A estratégia mais eficaz para reduzir o efeito da gripe é através da vacinação anual utilizando uma vacina viva e atenuada contra a gripe (LAIV) ou uma vacina inactivada contra a gripe (TIV)(11). Tanto a LAIV como a TIV contêm estirpes de vírus da gripe que são antigenicamente equivalentes às estirpes anualmente recomendadas: 1 vírus da gripe A (H3N2), 1 vírus da gripe A (H1N1) e 1 vírus da gripe B(11,40). Todos os anos, uma ou mais estirpes de vírus podem ser alteradas com base na vigilância global dos vírus da gripe e na propagação de novas estirpes(11). O LAIV é administrado por via intranasal por injecção, enquanto que o TIV é administrado por via intramuscular por injecção. O LAIV é actualmente aprovado apenas para utilização entre pessoas saudáveis com idades compreendidas entre os 5 e 49 anos(11). Durante a pandemia de H1N1 de 2009, foi desenvolvida uma vacina inactivada adjuvante por Glaxo Smith Kline (Pandemrix), que foi autorizada para utilização pela Comissão Europeia, com prioridade para populações em risco, mulheres grávidas, profissionais de saúde, e pessoas em estreito contacto com indivíduos imunocomprometidos(38). A FDA aprovou 4 vacinas contra o novo H1N1 2009 para utilização nos Estados Unidos a 15 de Setembro de 2009: vacinas inactivadas fabricadas pela Sanofi Pasteur, Novartis Vaccines and Diagnostics Limited, e CSL Limited; e uma vacina viva atenuada intranasal fabricada pela Medimmune LLC(36). No Canadá, uma vacina inactivada monovalente adjuvante fabricada pela GlaxoSmithKline e uma vacina inactivada não ajustada (Panvax), fabricada pela CSL Biotherapies, foram aprovadas para utilização pela Health Canada durante a pandemia H1N1 de 2009. Uma vacina intranasal LAIV também foi recentemente aprovada para utilização no Canadá(44).
PROPHYLAXIS: As vacinas estão disponíveis para os subtipos H1N1 e H3N2(11) da gripe A; contudo, os medicamentos quimioprofilácticos não devem ser negligenciados no controlo ou prevenção da gripe. A profilaxia antiviral deve ser iniciada no prazo de 3 dias após a doença detectada dos casos indexados para ser eficaz no abrandamento da transmissão(16). Os medicamentos disponíveis para a profilaxia são os inibidores da neuraminidase, zanamivir (10mg duas vezes por dia durante 5 dias) e oseltamivir (75mg uma vez por dia durante 7 a 10 dias)(11). O inibidor de M2, amantadina, também pode ser utilizado para quimioprofilaxia durante surtos de gripe sazonal.
SECÇÃO VI – PERIGOS LABORATÓRIOS
INFECÇÕES ADQUIRIDAS PELOLABORATÓRIO: Quinze casos comunicados até 1974(45). As infecções associadas a animais não são notificadas; no entanto, o risco é elevado de furões infectados(46).
SOURCES/SPECIMENS: Tecidos respiratórios, secreções humanas, e animais infectados. Além disso, o vírus pode estar presente nos intestinos e cloacae das espécies aviárias infectadas. A gripe A pode ser disseminada em múltiplos órgãos em espécies animais infectadas(47).
PRIMARY HAZARDS: Inalação de vírus a partir de aerossóis gerados ao aspirar, distribuir, ou misturar amostras infectadas com vírus (tecidos, fezes, secreções) de animais infectados(47). A infecção laboratorial também pode ocorrer por inoculação directa de membranas mucosas através de luvas contaminadas com vírus, na sequência da manipulação de tecidos, fezes e/ou secreções de animais infectados(47).
SPECIAL HAZARDS: A manipulação genética de vírus tem um potencial desconhecido para alterar a gama de hospedeiros, patogenicidade, e/ou para introduzir vírus transmissíveis com nova composição antigénica nos seres humanos(47).
SECÇÃO VII – CONTROLOS DA EXPOSIÇÃO / PROTECÇÃO PESSOAL
CLASSIFICAÇÃO DO GRUPO DE RISCO: Grupo de Risco 2(48). Este grupo de risco aplica-se à espécie como um todo, e pode não se aplicar a todas as estirpes.
REQUISITOS DE CONTENÇÃO: Instalações, equipamento e práticas operacionais de contenção de nível 2 para trabalhos que envolvam materiais e culturas infecciosas ou potencialmente infecciosas. Estes requisitos de contenção aplicam-se à espécie como um todo, e podem não se aplicar a cada estirpe dentro da espécie. Deve ser realizada uma avaliação de risco detalhada para actividades que envolvam trabalho animal para determinar se devem ser consideradas práticas operacionais adicionais.
VESTUÁRIO PROTECTIVO: Para trabalhos de diagnóstico: Bata de laboratório. Luvas quando o contacto directo da pele com materiais ou animais infectados é inevitável. A protecção dos olhos deve ser utilizada quando existe um risco conhecido ou potencial de exposição a salpicos(49).
OUTRAS PRECAUÇÕES: Todos os procedimentos que possam produzir aerossóis, ou que envolvam concentrações elevadas ou grandes volumes, devem ser conduzidos num gabinete de segurança biológica (BSC). O uso de agulhas, seringas e outros objectos cortantes deve ser estritamente limitado(49). Deverão ser consideradas precauções adicionais com trabalhos que envolvam animais ou actividades de grande escala(49).
SECÇÃO VIII – MANUSEIO E ARMAZENAMENTO
SPILLOS: Deixar assentar os aerossóis e, usando vestuário de protecção, cobrir suavemente o derramamento com toalhas de papel e aplicar desinfectante adequado, começando no perímetro e trabalhando em direcção ao centro. Permitir tempo de contacto suficiente (30 minutos) e depois limpar a área(49).
DISPOSIÇÃO: Descontaminar antes da eliminação por esterilização a vapor, desinfecção química, ou incineração(49).
CALIBRAGEM: Em recipientes selados que estejam devidamente rotulados(49).
SECÇÃO IX – REGULAMENTO E OUTRAS INFORMAÇÕES
INFORMAÇÕES REGULADORAS: A importação, transporte e utilização de agentes patogénicos no Canadá é regulada por muitos organismos reguladores, incluindo a Agência de Saúde Pública do Canadá, Health Canada, Canadian Food Inspection Agency, Environment Canada, e Transport Canada. Os utilizadores são responsáveis por assegurar a sua conformidade com todos os actos, regulamentos, directrizes e normas relevantes.
UPDATADO: Agosto de 2010.
PREPARADO POR: Pathogen Regulation Directorate, Agência de Saúde Pública do Canadá.
Embora as informações, opiniões e recomendações contidas nesta Ficha de Dados de Segurança de Pathogen sejam compiladas a partir de fontes consideradas fiáveis, não aceitamos qualquer responsabilidade pela exactidão, suficiência, ou fiabilidade ou por qualquer perda ou dano resultante da utilização da informação. Os perigos recentemente descobertos são frequentes e estas informações podem não estar completamente actualizadas.